Confesso que senti medo. Não é sempre que se tem uma dessas tão perto, a mercê de nossos desejos. Uma tentação e tanto ela alí, parada, esperando pra ser montada e domada! E se eu não fosse capaz de domá-la, pensei.

Quando montei e comecei a olhar os detalhes, cada curva, cada saliência, me perguntava ainda como é que tanta beleza tinha vindo parar assim tão perto. Até então uma dessas, pra mim, só mesmo nas páginas daquelas revistas. E agora eu ali…que delícia a sensação de estar sobre ela…

Ok, já que o exercício lugar comum de comparar moto com…sabe-se lá o que, é mesmo bem fácil de ser percebido, devo confessar que foi mesmo prazeroso andar na Kawasaki ZX10R. Uma máquina que parece que vai intimidar pela fama de esportivíssima com seus 188 CV de potência, pelo som do motor, pela posição de pilotagem e até mesmo pela reação incial aos comandos.

Mas assim que a primeira volta foi concluída na pista de testes da Pirelli, durante o concurso da escolha da Moto do Ano da revista DUAS RODAS, do qual participei junto com outros 14 jurados,percebi que essa é uma moto do bem. Tem tudo pra ser “marvada” mas também tem um comportamento dinâmico e de motor que permite que ela seja usada como se quiser e como se puder. Mesmo pilotos menos dotados conseguem se divertir nessa moto de 58 mil reais.

Claro que empinar em terceira marcha, deitar nas curvas até detonar os raspadores é possível, mas uma “bandola” pelos bares da moda pra ser notado pela galera também cabe. Só não cabe tentar uma garupa que exija algum conforto. Aí você tem de lembrar que tudo tem limite. E nessa Kawa o limite é apenas um de cada vez. Pelo menos com o devido conforto e respeito ao projeto.

Se essa Kawa não tem freio ABS tem controle de tração e é moderna em tudo no seu visual. Durante o teste eu só não apaixonei por ela de forma exclusiva porque também deitei (nas cuvas da pista da Pirelli) com uma alemã de 1300cc que veio da Bavária pra fazer a quase perfeição em motos passar dos setenta mil reais. Mas isso é papo pra outro post.