Poderia até se chamar renovação mas acho que o que se vê na F-1 é mesmo um processo de limpeza.
Depois que a Mclaren foi flagrada em espionagem explícita e perdeu o título. Depois que Max Mosley foi exposto publicamente no episódio das prostitutas fantasiadas. Depois que a Mclaren teve de trocar de dirigente. Depois que as equipes lideraram uma revolta ameaçando criar uma nova categoria e se opondo ao poder da FIA e de Bernie Eclestone. Depois que Max Mosley prometeu que não será mais candidato a FIA. E depois de escacarada uma farsa, a Renault teve de demitir hoje seu dirigente maior na F-1, Flávio Briatore.

Essas batalhas na guerra de poder da F-1 estão mostrando o quanto a categoria deve mudar, tem de mudar. É fato que essa publicidade toda na midia mundial, e de graça, garante exposição a todos que competem na categoria, mas é má publicidade. E os efeitos dela são negativos num futuro próximo. Aliar-se a imagem de falcatruas e falta de comando que hoje parece imperar alí, não é bom para nenhuma corporação.
Por isso a limpeza se faz necessária.

E eis que resurge no cenário o nome Lotus. Um nome que remete imediatamente aos tempos áureos do início da revolução esportiva e administrativa que Bernie Eclestone implantou na categoria. Era coisa de garagistas ingleses, virou negócio internacional. Um nome trazido por novos empresários, novo dinheiro de um país que sente menos os impactos da crise finaneira mundial que ainda perturba governos na Europa.

A mesma crise que faz as montadoras que estavam dominando a categoria, reverem seus planos e tamanhos de investimento, algumas se retirando do cenário. É bem verdade que coporações, como as montadoras, são comandadas pelo público que compra ações e carros de rua dessas marcas. Esse público forma o mercado que influencia os vários dirigentes nas muitas divisões de cada companhia e eles escolhem, bem ou mal, os homens que dirigem as ações esportivas nas pistas de corrida.

A limpeza que se faz na F-1 é resultado de um mercado chocado com notícias de espionagem e resultados manipulados, de egos maiores que os méritos. Mas não sejamos ingênuos em achar que isso feito tudo muda. O que muda na verdade é a fase. Outra realidade, com coisas boas e ruins vai se instalar. O que a gente espera, como amantes do automobilismo e de sua mais importante categoria, é que seja mesmo uma fase mais limpa.

Nas pistas uma pequena equipe com um piloto inglês desacreditado e um brasileiro duas vezes vice, tem tudo pra faturar o título. Limpeza.