A maldita cornetada de Luca de Montezemolo na F1, foi uma tremenda bola fora! O presidente da Ferrari disse antes da prova do Bahrein que o novo regulamento da categoria, que prevê motores menores combinados com energia elétrica e restrição de consumo de combustível, transformou a F1 em corrida de taxistas e eletricistas. Que asneira! Depois do que se viu na corrida o Italiano, focalizado diversas vezes durante a prova entretido com as imagens das diversas disputas na pista, não ficou por perto pra dar entrevistas. Sabia que suas palavras perderam força diante dos fatos.
A F1 fez em sua prova de número 900 um dos mais belos espetáculos de sua história graças a uma política da qual Montezemolo nunca foi fã: liberdade dos pilotos pra disputar posições na pista!O vencedor Lewis Hamilton teve de usar tudo que sabia de pilotagem pra vencer a prova, disputando com seu companheiro de equipe Nico Rosberg. O retorno publicitário da Mercedes com a briga foi, claro, muito maior do que se tivesse obrigado seus pilotos a não disputar a vitória, seguindo ordem de classificação. Na Ferrari de Montezemolo sempre um manda e o outro obedece, apesar de neste ano termos Kimi Haikkonen contra Fernando Alonso. Dois campeões mas com Alonso favorecido por ter usado muito mais o simulador da equipe e conhecendo melhor o carro que o finlandês recém chegado.
A F1 precisava na verdade fazer alguma coisa em seu regulamento pra voltar a ter relevância para a indústria automobilística, da qual estava apartada desde que no final de 1993 passou a eliminar toda ajuda eletrônica aos pilotos. Apesar do controle de tração ter sido usado em outras oportunidades o que se viu depois daquele ano, foi carros de rua propondo mais soluções tecnológicas ao mercado do que os carros da principal categoria. . A tecnologia passou a ser fornecida na mão inversa quando a F1 adotou o KERS similar ao que já se via nos carros de rua. Algo perigoso pra quem se propõe a ser o mais avançado laboratório de novidades da mesma indústria que paga as contas. No fundo não estava mais justificando o investimento. Hoje são apenas três montadoras envolvidas!
Mas parece que Montezemolo teria outras motivações. Segundo a mais nova teoria da conspiração, o presidente da Ferrari estaria pareado com Bernie Eclestone, tentando com essa comparação esdrúxula atacar a nova cara da F1 para tentar diminuir o valor da categoria a fim de comprá-la futuramente das mãos do grupo CVC, seu atual controlador. Os dois saberiam que o CVC poderá vender logo a categoria se ela perder valor e não tiver mais ninguém em seu comando capaz de reverter essas perdas. Isso porque o próprio Bernie, que hoje faz esse trabalho não tem sucessores no grupo, e estará mais exposto a ataques da mídia partir de maio, quando deve ser julgado na Alemanha por suposto suborno exatamente na operação que fez o controle da categoria mudar de mãos. O comando da categoria estaria abalado e seu valor seria menor, facilitando uma operação de compra.
Teoria da conspiração à parte, o que se viu foi que a Mercedes comandou um show com as equipes que usaram seus motores e nenhum ordenando trégua entre seus pilotos. Sergio Perez venceu Nico Hulkenberg, Massa deixou pra trás Valteri Bottas e as disputas entre Daniel Ricciardo e Sebastian Vettel só não foram mais intensas porque Vettel mostrou todos os seus limites psicológicos quando sabe que seu carro é incapaz de lhe dar vitórias: frustra-se com muita facilidade, como qualquer pilotinho acostumado a ter desde sempre o melhor equipamento. Já vimos muitos assim.
A combinação entre o tipo de pista, as soluções técnicas da atual F1, os pneus a disposição e até a entrada do Safety car depois da barbeiragem de Maldonado ( deveria ter sido excluído da prova por mandar para os ares a Sauber do mexicano Esteban Gutierrez), tiveram muito efeito no espetáculo de disputas e ultrapassagens, mas pra mim o essencial foi a liberdade que finalmente os pilotos tiveram pra brigar com seus companheiros de equipe por posições. Se são taxistas e eletricistas os que fazem esse espetáculo, que fiquem na pista e que saiam os velhos modelos de controle.
Essa foi uma corridaça! Este campeonato guarda muistas semelhanças com o de 1988, uma equipe dominante, um piloto agressivo, e outro cerebral. As disputas intermediárias também foram interessantes. Ainda a ironia do Alonso “comemorando” o nono lugar na prova. Que fase!!!!