Treino não vale? Ah, vale, sim e muito. Podem apostar que no caso da F1 deste ano, esses treinos de pré temporada valem mas não pelo que as equipes mostram na pista, mas principalmente pelo que não mostram: como administram o novo pacote técnico.

O regulamento deste ano colocou as equipes diante do desafio de encaixar as novidades de propulsão nos já bem desenvolvidos conceitos de aerodinâmica. Já são muitos anos de desenvolvimento por conta de um enorme volume de dados coletados nos mais diversos túneis de vento das equipes.

Quando o novo regulamento da categoria foi divulgado, as equipes já começaram a fazer ensaios em computador para avaliar o quanto os novos tamanhos afetariam a performance aerodinâmica dos carros. O problema é que nessa fase os motores já tinham projetos em andamento e concepções de forma de funcionamento e, principalmente, refrigeração, já haviam sido determinadas.

A Mercedes foi a primeira a divulgar o início do trabalho com os motores e mesmo sua equipe praticamente parou o desenvolvimento do carro do ano passado pra já investir no carro deste ano. A Renault, ao contrário, trabalhou com a red Bull pra seguir em busca de novo título consecutivo em 2013 e começou depois a trabalhar para o novo regulamento deste ano.

Motores V6 podem dar a impressão de serem mais simples, mas dentro das câmaras de combustão tem mais pressão interna que os V8 usados até o ano passado. O turbo também traz complicação para o sistema de refrigeração pois ele exige, por exemplo, mais água e, claro mais fluxo de ar e isso complica também para o desenho, tamanho e fluxo de ar e água de e para os radiadores. novos sistemas de recuperação de energia os engenheiros têm muito mais coisas pra alocar no compartimento atrás do piloto.

Sistemas elétricos obrigatórios vão gerar mais energia, até 180CV, que será disponibilizada para o piloto atuando diretamente nas rodas traseiras como o sistema kers fazia até o ano passado. Além de recuperar energia das frenagens, agora também as turbinas podem gerar mais energia elétrica para ser usada num motor elétrico ou apenas pra carregar as baterias.

Essa usina de energia elétrica vai permitir uma redução drástica no consumo de gasolina pois os carros não podem utilizar mais que cem quilos de combustível durante a prova. Uma redução de trinta e cinco por cento em relação ao ano passado. Mais ainda, os injetores terão vazão de combustível limitada a a 100 kg/h. pra se ter uma ídeia do quão drástica é essa medida, isso implica em maior redução ainda nas corridas que duram até 90 minutos, pois pra chegar ao final da prova a vazão média terá de ser de 66 kg/h. Corridas mais longas, menos vazão de combustível. Administrar o consumo gerenciando as fontes de energia durante a corrida vai ser um dos novos trabalhos para os pilotos e equipes.

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Ano passado a Mercedes deu largada no trabalho de 2014. Terminou a pré temporada como favorita.