Carros de rua são cada vez mais ferramentas de transporte. E à cada dia a indústria automobilística trabalha pra fazer carros mais fáceis de usar, cada vez mais automáticos e mais simples de operar.
E os carros de corrida?
A F-1 sempre trabalhou nas soluções de alta tecnologia para a competição e influenciou a industria. Uso de materiais exóticos, desenvolvimento dos motores sobre alimentados, combustíveis mais eficientes, lubrificantes, pneus, enfim, tudo que um carro de rua depois passou a usar.
Até o ano de 1993, quando a Willians tinha um carro praticamente automático, o uso da eletrônica era liberado. Os carros tinham controle de tração, com suspensão ativa ( lia o piso a frente do carro e ajustava a altura da suspensão), cambio automático de tal forma que o mapa da pista era instalado e as marchas entravam de acordo com o ponto da pista em que o carro estava. Era quase impossível errar. Nigel Mansel foi campeão com um carro assim em 1992 e Alan Prost no ano seguinte. Ou seja até 1993 a F-1 influenciou e direcionou o trabalho da industria automobilística. Lembra do acionamento das marchas na Ferrari de 1989? Borboletas atrás do volante que hoje temos em carros “normais”.
Depois disso os carros da F-1 “voltaram” a ser mais manuais, um esforço crescente da FIA para devolver ao piloto a condução do carro. Devolver ao piloto ao comando significa afastar os carros de corrida do que se busca para os carros nas ruas e estradas.
Hoje mesmo é possível ver sistemas de leitura das faixas no asfalto avisando o motorista e até parando o carro se este for sair da pista. Temos sensores de posicionamento, rastreadores, GPS, centralinas cada vez mais protegendo o funcionamento do motor, controle de tração e estabilidade, freios ABS cada vez mais inteligentes, ou seja, carros mais fáceis de conduzir, quase a prova de erros.
Essa filosofia da indústria tem a ver com a segurança.
Já nas corridas, apesar de buscarmos e querermos segurança, temos também a necessidade de têm de emoção, de show, de ultrapassagens. Uma corrida têm de envolver riscos e velocidade para motivar os pilotos e separá-los em função de suas capacidades. O talento tem de aparecer.
O equilíbrio entre a tecnologia e o espetáculo é difícil de fazer. Por isso a volta do KERS na F-1 é, na minha opinião, importante.
Reaproveitar a energia das frenagens é o mínimo que a F-1 pode fazer. E mesmo o KERS não é novidade na industria automobilística. Carros mais caros já usam o sistema mas a F-1 pode ajudar no desenvolvimento do sistema, tornando-o, por exemplo, mais leve.
Se não for assim, como fica a imagem de alta tecnologia que a F-1 sempre pregou? Não existe mais, não é necessária? Automobilismo é só ferramenta de marketing pras montadoras e outras empresas participantes?
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