Roma na Italia e Paris na França tem a moto como alternativa de transporte

Roma na Italia e Paris na França tem a moto como alternativa de transporte

Uma instituição da importância do Hospital das Clínicas, apoiada pelo governo estadual de São Paulo em duas de suas secretarias, de Transportes e de Saúde, colocou em pauta o tema do uso da motocicleta como meio de transporte. Motociclistas representando a Federação dos Motoclubes, Sindicato dos Motoboys e alguns independentes ouviram na parte da manhã um verdadeiro ataque ao veículo. Médicos e autoridades das entidades públicas representadas passaram mais de quatro horas repetindo estatísticas com o número de mortos no trânsito, sempre destacando os que perderam a vida em acidentes com motos. Mesmo assim, diziam que não era questão de demonizar o veículo. Nenhuma solução foi proposta, além de cuidar da educação e incluir o trânsito no currículo escolar. Algo de que se fala há muito tempo mas que o poder público, dono das escolas, nunca tomou nenhuma atitude.

Na parte da tarde o discurso ganhou novos contornos com a fala do comandante do policiamento de trânsito da cidade, Capitão Julyver Modesto Araujo. Usuário de motocicleta e consciente da função do veículo até no combate ao crime, ele foi o primeiro a defender o uso não apenas da motocicleta como meio de transporte, mas dos corredores entre os carros. E destacou que não apenas pela fluidez de tráfego das motos o uso do corredor é importante, mas principalmente para a sua maior segurança. Sim, segurança maior com o uso do corredor. Ele foi claro ao afirmar que no meio dos carros, ocupando o espaço de um automóvel, o motociclista não tem visão para antecipar buracos e outros obstáculos, além de ficar mais vulnerável a um choque por trás. Lembrou ainda que a moto é um veículo de equilíbrio dinâmico e que por isso depende do movimento contínuo, proporcionado pelo uso do corredor pra dar mais visão, visibilidade e segurança ao motociclista.

A fala do Capitão foi tão lúcida que relaxou o ambiente e mostrou que o Forum do HC queria mesmo discutir o assunto e não apenas colocar a moto na posição de algoz da sociedade. Uma discussão apaixonada pois a questão da mobilidade em São Paulo ainda tem contornos de guerra, espressão usada como muita emoção por um dos palestrantes, contrário ao uso das motos. Ainda bem que isso tudo aconteceu no ambiente de uma instituição como a USP, onde pode se reivindicar visão democrática e abertura para discussão de pontos de vista antagônicos.

Ninguém que usa moto quer ditar regras. Abrir a discussão é mais que importante e acredito que agora nós vamos ver diálogos mais maduros sobre o tema.

Ao final do dia de discussões os presentes fizeram propostas para a elaboração de um documento que será publicado no site do HC e provavelmente encaminhado as autoridades que, presentes na parte da manhã, não estavam no auditório para colaborar com suas idéias para esse documento

– Transformar o DPVAT em um seguro saúde, revertendo sua arrecadação aos hospitais públicos;
– Ampliação das moto faixas em vias que comportem tal medida
– Permitir a circulação de motocicletas entre veículos somente com trânsito parado e com velocidade limitada a 50% da permitida na via.
– Inserir a grade Educação no Trânsito nas escolas
– Reformular o processo de habilitação, com inserção de novas categorias por faixa de cilindrada, teste prático em circuito aberto, pilotagem defensiva, informações sobre o motociclista no curso aos motoristas, etc
– Solicitar ao DETRAN-SP que regulamente os cursos para motofrete bem como as instituições a administrá-los;
– Inclusão do veículo motocicleta no projeto de adequação das vias ( Guard rails, tinta de solo antiderrapante, faixas de retenção, manutenção emergencial de buracos, etc)
– Implantação da inspeção técnica veicular obrigatória, tirando da rua os veículos sem condições de circulação.
– Definição e regulamentação por parte do CONTRAN dos equipamentos obrigatórios constantes no artigo 54 do CTB
– Criação de uma base nacional unificada que permita avaliar as reais causas do acidente de trânsito

Você concorda?