Pilotos brasileiros quando estão fora das pistas são amigos inseparáveis. Se a programação é balada eles estão juntos, se é pra treinar de kart ou ainda fisicamente de bicicleta ou academia, lá vão eles juntos. Uma diversão eterna.
Mas quando o negócio é corrida, a gente logo espera uma dose a mais de competitividade, de combatividade e, se precisar, até mesmo de batidas entre os brasileiros.

Se isso vale pra quaisquer brasileiros em qualquer categoria, não importa o tempo que passaram disputando algo, imagine o caso de Tony Kanaan e Hélio Castroneves. Os dois sempre foram referência e estímulo um para o outro. Uma relação que ultrapassa e muito os limites das pistas, pois desde a infância eles disputam e viajam juntos. Suas famílias conviveram quando os dois ficavam um na casa do outro em quando nas competições em São Paulo ou Ribeirão Preto. O que eles tiveram naquela fase era coisa de irmãos. E como bons irmãos naquela fase também disputavam a atenção das garotas. Não faltavam motivos para que os dois fossem inseparáveis duelistas!

Hoje Tony Kanaan e Helio Castroneves sabem que a rivalidade que desenvolveram foi importante na evolução técnica deles. Apesar de anos competindo e evoluindo como pessoas e pilotos, eles ainda se sentem como os garotos que disputavam frenagens nos kartódromos brasileiros. Não importa se hoje estão acelerando a mais de 350 km/h. É como se mais que uma corrida da Indy eles disputassem um campeonato à parte. Não sei se eles guardam ou marcam as disputas que tiveram, mas o fato é que quando eles estão próximos numa prova todos sabem que vai sair faísca!

No último domingo em Sonoma na Califórnia Tony e Helio mais uma vez se encontraram. A disputa entre eles não valia muita coisa na pista, ou no campeonato, mas não deu outra. Tony vinha mais rápido e ignorou a entrada apertada da chicane e Helio ignorou o possível ataque pra fazer sua linha normal naquele ponto da pista, fechou a passagem. Bang!

O choque acabou com as já pequenas chances de Hélio na corrida pois seu carro decolou nas rodas do carro de Tony. Poucas voltas depois a suspensão dianteira esquerda do Penske número 3 se quebrou na entrada de uma curva. Helio foi pra fora da pista onde ele venceu a prova do ano passado. Tony também acabou prejudicado e não foi além de um oitavo lugar na pista onde venceu em 2005. Depois da prova os dois se falaram rapidamente sobre o encontro na chicane. Tudo normal, acidente de corrida, acidente entre pilotos que se conhecem e sabem que nenhum deles cederia.

Eu me divirto quando vejo os dois porque é como se eu visse os dois lados de uma mesma moeda, dois irmãos querendo a mesma coisa das pistas: chegar na frente, ser o primeiro, ser o mais rápido. E como não dá pra ganhar todas, pelo menos ficar na frente do irmão já é uma vitória. A Indy com Tony e Hélio é diversão garantida.