Poucas coisas me deixam mais relaxado e feliz do que pilotar uma moto mas dirigir não fica longe, não. Vem com certeza da infância e das viagens que fazíamos com meu pai a bordo do fusca que durante a semana era taxi e nos finas de semana, nosso templo de diversão.Quatro filhos, pai e mãe.

Olhar a paisagem em volta, ouvir o motor, sentir o vento no rosto, mesmo no banco traseiro, tinha o poder de fazer o tempo parar, uma outra dimensão, talvez. Meu pai no comando do carro, sempre trânquilo, ampliava essa sensação de calma e segurança. Ali eu não temia nada e não queria nada. Chegar? Onde? Pra quê? O legal, o barato, era o passeio. Simplesmente ir.

Duas férias seguidas nesta época do ano me recarregaram as baterias com uma “puxadinha” de seis mil quilômetros cada. Viagem no tempo e no espaço pra tomar lições do aqui e agora. Controlar a ansiedade sem pensar na hora e lugar de chegar ao mesmo tempo em que se planeja velocidade, caminho e traçado em cada curva,o consumo de combustível e ainda se respeita os limites do carro e de si mesmo.

A gente passa a relativizar um monte de “necessidades” que temos no dia a dia, deixando de lado vários hábitos e vícios. Dá pra sentir os ritmos do nosso corpo percebendo melhor sono, fome, digestão. Pra mim ficou assim, prefiro começar bem cedo, como pouco mas preciso de sabor, café me acelera e tira o sono, odeio que colem na traseira, prefiro perder tempo a arriscar uma ultrapassagem nas estradas de pista simples e sempre que possível paro ainda de dia pra descansar. De moto ou de carro.

O CAMINHO

De São Paulo até a pequena cidade de Olho D’Agua das Cunhãs no interior do Estado do Maranhão são aproximadamente 2900km. Saindo de São Paulo pela Rodovia dos Bandeirantes, seguimos Anhanguera e dalí em direção de Uberaba e Uberlândia no estado de Minas Gerais. Depois duas opções, Goiânia ou Brasília, pra seguir pela BR 153 atravessando os estados de Goiás e Tocantins, rumo ao Maranhão. Por Imperatriz o percurso até Olho DÁgua é mais longo mas o caminho mais curto é feitro por estradas bem precárias, de terra. Não vale a pena. Percebi isso no ano passado quando encarei o percurso pela primeira vez e fui traído pelo GPS que me fez pegar mais de 200 km de terra. Nada mal se em muitos trechos a “estrada” não se transformasse em trilha.

Essa variação de estradas e caminhos dá de uma vez uma aula de geografia econômica do país e até de história. Estradas de primeiro mundo em São Paulo com preços de pedágio bem acima do primeiro mundo. O resto é preparação para privatização ou manutenção problemática para estradas que já têm traçado antiquado e perigoso e aijda com uma camada de asfalto mais fina que cobertura de bolo de cenoura.

Onde as estradas são melhores sobra comportamento idiota de motoristas que buscam redimir suas limitações sexuais e de caráter em ultrapassagens suicidas ou andando colados na traseira de outros carros para admiração ou pavor de amigos e parentes. E ainda sobram tantas arapucas que flagram em excesso de velocidade quem não conseguiu frear a tempo. E que freadas! há essas lombadas eletrônicas em todo tipo de lugar. Desde os mais louváveis, como entrada e saída de vilarejos até no meio de uma descida no meio do nada.

BOAS SURPRESAS

Sim, elas existem. Comida boa, lugares com banheiros limpos e lugar pra tomar banho. Há lugares que são verdadeiros oásis pra recuperação e descanso de motoristas e suas famílias. Podes-e comprar remédios em famácias bem montadas e alguns desses lugares têm até parquinhos pra que as crianças possam brincar para relaxar.

Restaurantes de boa qualidade em postos, restaurantes ainda melhores sem muito alarde de placas e setas, além de hotéis que razoável relação custo benefício onde passar a noite é seguro e confortável. Não estamos no primeiro mundo, é claro, mas viajar de carro pelo Brasil é uma aventura como todas as verdadeiras aventuras, onde o planejamento e a atenção durante o percurso garantem bons momentos.

OS VEÍCULOS

Nissan Frontier modelo Attack em 2012 e um Honda Civic 2.0 para este ano de 2013. Duas belas máquinas! Na primeira viagem aproveitei as habilidades 4×4 da Frontier pra explorar novos caminhos. Fiz, claro, a maior parte do percurso no asfalto mas a parte final completei mais de 220 km de terra. Uma estrada que chegou a ter cara de trilha, mas nada que a Frontier tivesse qualquer problema pra encarar. O bom dessa viagem foi encarar um percurso que eu não conhecia com o veículo mais robusto o que me deu mais confiança, até.

O motor diesel de mais de 170 HP também foi responsável por permitir um bom ritomo de viagem e facilitou muito as ultrapassagens nas longas retas da BR153. Quando se encara mais de três caminhões enfileirados é preciso um motor com fôlego e esse Nissan deixa tudo fácil desde os baixos giros.
O consumo também foi muito bom, mais de 11km/l.

Cargas bem acompladas na ampla caçamba mas o problema é na hora de sair para o hotel. Descobrir tudo que eu tinha guardado sob a lona plástica azul e na manhã seguinte amarrar tudo de novo não foi nada confortável, mas estava no script. Em troca, deu pra vir parando no caminho de volta e trazendo frutas típicas em caixas. Veio até jaca!

No Honda Civic um desafio. O longo caminho para o Nordeste sempre gera uma desconfiaça nos veículos com cara de urbanos. Um Civic e sua panca de executivo da Av. Paulista não inspira pegar esse tanto de estrada ainda mais nas condições que das brasileiras. Mas como eu disse nada como acabar com um proeconceito!

O Civic é confortável! A posição de pilotagem que prefiro tem uma maior proximodade dos braços do voltante e com as mernas mais estiradas e foi fácil me achar nesse já famoso cockpit do Civic. O painel não apenas parece de avião mas traz todo tipo de informação para o motorista, inclusive um excelente controle de economia de combustível que me ajudou a fazer uma média de mais de 13km/l em alguns trechos. Excelente!

O motor 2.o do Civic também permitiu boa média de velocidade e ultrapassagens seguras, mas a necessidade de subir os giros fazia o som do motor subir muito e invadir a cabine. Um alerta, com certeza, mas me incomodu. Mesmo sabendo eu não dá pra um motor de dois litros subir pra perto do seu limite sem o devido aumento nos decibéis.

O espaço interno é muito bom e o parta malas permitiu levar muito mais que eu imaginava. Principalmente depois da experiência de ter viajado pra mesma região tendo uma caçama a disposição. Memos altura nas malas e menos frutas na bagagem, mas coube um bocado de presente na ida e na volta.

CONCLUSÃO

Nas próximas férias dá pra escolher qualquer um dos dois. A decisão pode acontecer pelo tipo de bagagem. Mais pelo peso e dimensões que pelo volume já que o Civic tem um belo porta malas. Outra coisa a destacar é o preço do combustível para essa pròxima viagem. O Diesel subsidiado no Brasil sempre terá vantagem, portanto olho na diferença de preços entre gasolina e álcool pelo caminho. Elas varia bastante e neste ano preferi muitas vezes a gasolina até pela economia, apesa da cavalaria que o àlcool prporciona aos motores ajudar muito nas ultrapassagens.

Questão de gosto e de planejamento. O meu pra 2014 eu já comecei.